Tentativa de assalto a carro-forte termina em tiroteio e três mortos
Vítimas eram suspeitos e um quarto criminoso fugiu, mas foi capturado pela polícia baleado no pátio de uma casa
por Vanessa Kannenberg
Mulher dirigia o carro-forte e conseguiu se desvencilhar do caminhão e evitar que o assalto fosse consumado
Foto: Cesar Lopes / Especial
Vítimas eram suspeitos e um quarto criminoso fugiu, mas foi capturado pela polícia baleado no pátio de uma casa
por Vanessa Kannenberg
Mulher dirigia o carro-forte e conseguiu se desvencilhar do caminhão e evitar que o assalto fosse consumado
Foto: Cesar Lopes / Especial
A tentativa de assalto a um carro-forte terminou em tiroteio entre policiais e criminosos na manhã desta sexta-feira, na ERS-400, no limite entre Candelária e Passa Sete, no Vale do Rio Pardo. Três assaltantes morreram no confronto, e um quarto bandido fugiu, mas foi encontrado pela polícia baleado no pátio de uma casa, próxima ao local da troca de tiros.
A Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul e a Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), já estavam monitorando a quadrilha — considerada altamente profissional — havia mais de um mês.
A polícia tinha informações de que eles poderiam atacar a qualquer momento. Por isso, desde as 3h desta sexta-feira, imaginando que o bando agiria por ser quinto dia útil do mês e os carros-fortes poderiam estar mais carregados, estavam de campana na ERS-400.
O carro forte subia a rodovia, de Candelária em direção a Passa Sete, quando um caminhão dos assaltantes que trafegava no sentido contrário tentou prensá-lo contra o barranco. A motorista do carro-forte foi rápida ao se desvencilhar e, mesmo atingida pelo caminhão, conseguiu fugir em direção a Passa Sete.
O caminhão colidiu contra o barranco. Um Cruze, também dos bandidos, vinha atrás, carregado os explosivos que seriam usados para abrir o cofre. Uma das equipes da polícia que estava no matagal agiu logo após a batida e, neste momento, começou o tiroteio.
O motorista, que estava sozinho no caminhão, morreu logo em seguida. Ele é o único que foi identificado logo pela polícia, por se tratar de Carlos Ivan Fischer, o Teco, conhecido por ataques a carro-forte e uso de explosivos. O bandido fazia parte da quadrilha do Seco (um dos mais perigosos assaltantes de carros-fortes do Estado) e estava em liberdade condicional.
— O Teco é nosso conhecido antigo, mas de tão meticuloso e astuto, raras vezes foi pego — disse o chefe de investigação do Deic, Rafael Scott Marinho.
Os outros dois mortos fazem parte do trio que estava no Cruze. No início da tarde, a polícia localizou uma Saveiro com placas clonadas, assim como o Cruze e o caminhão, que seria usada na fuga da quadrilha. O veículo estava em uma estrada vicinal, a cerca de dois quilômetros do local do tiroteio. Três fuzis e uma pistola foram apreendidos.
Teco teria ensinado Seco a assaltar, segundo a polícia
Teco, o único assaltante com identidade confirmada, é conhecido entre os policiais não só como um especialista em assaltos a carro forte, mas como o homem que teria ensinado Seco a agir e se tornar o número um nesse tipo de crime no Estado.
O modelo de ação usado pela quadrilha desarticulada nesta sexta-feira é o mesmo que era usado por Seco: um caminhão é usado para colidir contra o carro forte, geralmente numa reta em subida, para desestabilizá-lo. Mais assaltantes chegam em outro carro e ameaçam os seguranças, que entregam o veículo. Com explosivos, detonados quase sempre duas vezes, os assaltantes conseguem acesso ao cofre, de onde retiram o dinheiro.
Segundo os investigadores, Teco teria arquitetado assaltos enquanto estava detido no semiaberto do presídio de Venâncio Aires. Veja em quais ataques a carros-forte, desde 2012, a quadrilha desarticulada nesta sexta-feira é suspeita de envolvimento:
— Em setembro de 2012 - Joivinlle, SC— Em outubro de 2012 - Caxias do Sul— Novembro de 2013 - Nova Petrópolis— Em marco de 2014 - Santa Cruz do Sul
"Achei que ia morrer, nunca ouvi tanto tiro", conta delegado
Com 27 anos de experiência na polícia, Luciano Menezes destaca fato incomum de a polícia ter se antecipado e evitado assalto a carro-forte
Assaltantes levavam explosivos no porta-malas do carro
Foto: Vanessa Kannenberg/Agência RBS
Aliviados, mas ainda assustados. Assim estavam os 10 policiais, entre eles dois delegados e oito agentes, que participaram da linha de frente no confronto contra quatro assaltantes que tentaram assaltar um carro-forte na manhã desta sexta-feira. Três deles morreram e o último, ferido, foi detido.
— Nunca presenciei nada parecido na minha vida. Achei que eu ia morrer. Era zum, zum, zum de fuzil pra tudo quanto é lado. Tinha muita neblina, não dava pra ver nada. Só dava pra ouvir os tiros. Foi cena de guerra — conta o delegado Luciano Menezes, titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul e policial há 27 anos.
Menezes era um 10 que participaram diretamente do tiroteio. Monitorando a quadrilha há mais de um mês, os policiais se prepararam para um possível ataque na última segunda-feira, mas acreditam que foi frustrado porque nenhum carro-forte subiu a serra do Vale do Rio Pardo.
Nesta sexta-feira, quinto dia útil do mês, o assalto era mais provável. Prevendo que a quadrilha ia agir, uma força-tarefa, que acabou envolvendo cerca de 50 policiais, foi montada e eles ficaram de campana nas margens da ERS-400 desde as 3h. Por volta das 11h30min, o caminhão desceu a rodovia no sentido Passa Sete – Candelária e toda ação se desenrolou, culminando em tiroteio e três mortes.
Passado o susto, Menezes comemora que nenhum dos policiais ficou ferido e, mais ainda, que nenhuma pessoa passava por ali no momento. E exalta o sistema de inteligência da Polícia Civil.
— É muito raro a polícia conseguir evitar um assalto, normalmente age só depois que tudo já ocorreu. O que aconteceu hoje é o suprassumo pra qualquer policial — afirma o delegado.
— É muito raro a polícia conseguir evitar um assalto, normalmente age só depois que tudo já ocorreu. O que aconteceu hoje é o suprassumo pra qualquer policial — afirma o delegado.
Além dos policiais, uma mulher é apontada quase como heroína do combate bem sucedido. Sem ter nome ou idade revelados, ela era a motorista do carro-forte que foi atingido pelo caminhão e a responsável por conseguir se desvencilhar do veículo com agilidade de pensamento e um zigue-zague bem executado.
— Nem sei dizer o que passou na minha cabeça. O carro-forte ainda andou uns metros pra trás e consegui fugir, subindo a serra em primeira — resume.
A expectativa dos policiais, agora, é ter um fôlego desse tipo de assalto, já que acreditam que pelo menos um líder atuante foi executado.
"Morte de assaltantes faz parte da guerra", diz Polícia Civil
Chefe de investigações da Delegacia de Roubos, Rafael Scott Marinho, diz que a operação foi 100% exitosa porque nenhum "homem de bem" ficou ferido
foto: g1.globo.com
Na mira de uma das mais perigosas e atuantes quadrilhas de assalto a carro-forte, a Polícia Civil conseguiu impedir o assalto na manhã desta sexta-feira.
Mesmo com três assaltantes mortos e apenas um ferido, que foi preso, a operação foi considerada 100% exitosa pelo chefe de investigações da Delegacia de Roubos do Deic, Rafael Scott Marinho.
— Consideramos um sucesso quando nenhuma pessoa de bem, ou seja, quem não tem nada a ver com isso ou policiais, não se ferem, e foi o caso de hoje — avalia Marinho.
Segundo o chefe de investigações, a polícia já monitorava a quadrilha e tinha informações de que agiriam na região há mais de um mês. Cerca de 20 policiais participaram da operação nesta sexta-feira.
— Foram eles que provocaram o confronto e eles que não conseguiram se proteger — salienta Marinho.
FONTE: http://zh.clicrbs.com.br/rs/
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