LUCIENE OLIVEIRA
Assessoria/PJC-MT
A Justiça autorizou um recurso inédito para atender as investigações da segunda fase da operação "Grená", da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, deflagrada nesta terça-feira (17.03), para o cumprimento de 267 ordens judiciais, sendo 28 mandados de prisão, 35 buscas e apreensão e 204 medidas cautelares, contra membros da facção criminosa denominada "Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT), que ordena diversos crimes de dentro de presídios do Estado de Mato Grosso.
A operação da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que ainda está em andamento e já cumpriu 213 dos mandados e medidas cautelares, também teve o apoio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. A ação integra o plano estratégico da Sesp para enfrentamento da criminalidade nos primeiros 100 dias de 2015.
As medidas cautelares restringem os investigados a uma série de benefícios, que uma vez descumpridos terão as cautelares convertidas em prisão preventiva. Mesmo os detentos reclusos, ter um novo mandado de prisão cumprido significa aumento de pena, caso seja condenado, mudança de regime para um mais rígido, perda de benefícios dentro da unidade prisional e até remoção para outra penitenciária.
Em entrevista coletiva, nesta tarde na Secretaria de Estado de Segurança Pública, o secretário Executivo de Segurança, Fábio Galindo Silvestre, enfatizou a dureza e o rigor do Poder Judiciário no deferimento de medidas judiciais para atender as investigações policiais. "Tem se mostrado muito sensível às investigações de combate ao crime organizado e temos a absoluta confiança que assim será ao longo do processo e no julgamento dessas pessoas", destacou o secretário.
Galindo também ressaltou que outras grandes operações serão deflagradas na gestão do governador Pedro Taques, buscando a integração das forças policiais, com apoio da Secretaria de Segurança e da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). "É uma atuação de repressão qualificada, com investimento em uma polícia inteligente capaz de dar um golpe duro na maior organização criminosa que hoje atua no Estado de Mato Grosso, que é o Comando Vermelho, por essa razão o nome operação Grená", explicou.
A facção foi criada no interior da Penitenciária Central do Estado (PCE) pelo detento Sandro da Silva Rabelo, conhecido como “Sandro Louco" e teria 311 membros identificados nas investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado, Delegacia Especializada de Entorpecentes e Diretoria de Inteligência da Polícia Civil.
O delegado Juliano Silva Carvalho, um dos coordenadores da operação, explicou que as medidas cautelares proíbem os investigados do uso de telefones e aplicativos, de frequentar unidades prisionais na qualidade de visitante, de manter contato com os demais integrantes da quadrilha, seja físico, por telefone ou por meio digital. E os obriga ao comparecimento periódico em juízo, recolhimento domiciliar no período noturno e manter o endereço atualizado. "Havendo quebra dessas cautelares serão convertidas em prisão preventiva. Mesmo os reclusos", destacou.
O delegado geral Adriano Peralta Moraes disse que a operação envolveu mais de 250 policiais civis, entre delegados, investigadores e escrivães, de todas as diretorias da Polícia Judiciária Civil, na capital e no interior, que mesmo mobilizados no último domingo para a segurança durante as manifestações populares, um dia depois, estavam todos motivados para o cumprimento de mandados na operação Grená. "Isso demonstra o grande comprometimento da PJC e novas operações vêm por aí no combate à corrupção e ao crime organizado", afirmou.
Primeira fase - Na primeira fase da operação Grená, deflagrada no dia 30 de abril de 2014, a Justiça decretou 41 mandados de prisão contra integrantes e colaboradores da facção criminosa. A operação ainda realizou buscas em 12 endereços de pessoas ligadas à organização criminosa. "A primeira fase foi para prender os líderes e cumprir buscas na casa desse pessoal para buscar provas de tudo que a investigação tinha para formar a opinião através da materialidade encontrada", disse.
"Agora, essa segunda fase foi para representar pela prisão de todos aqueles que integram o Comando Vermelho, que estão na base piramidal", completou o delegado.
Uma lista com 311 nomes, todos membros cadastrados e "batizados" pela facção criminosa do Comando Vermelho de Mato Grosso "CV-MT" foi identificada nas investigações da Polícia Civil . Os dados estavam em dois pendrives apreendidos em poder de Bruna Santos Xavier, esposa Renato Sigarine, o "Vermelhão", segundo homem na ordem de comando da facção Comando Vermelho de Mato Grosso valiosas da organização criminosa.
De acordo com a Polícia Civil, a adesão em uma facção criminosa deixa clara a intenção de obter "vantagem de qualquer natureza", seja simplesmente para se beneficiar de proteção e/ou tratamento diferenciado entre os presos dentro do Sistema Prisional. "As vantagens verificadas pela investigação vão além do interesse econômico, pois a filiação à facção lhes garante benesses como assistência jurídica de advogados e proteção à família dos presos que se filiam, não somente moral e assistencial, mas também financeiro", destacou o delegado Flávio Henrique Stringueta.
A Facção - O Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT) foi criado no início de 2013, dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE). A facção foi idealizada pelo detento Sandro da Silva Rabelo, conhecido também por “Sandro Louco”, considerado um dos organizadores da facção mato-grossense, juntamente com Renato Sigarini, conhecido por “Vermelhão”, Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, o “Miro Louco” ou “Gentil”, e Renildo Silva Rios, conhecido por “Nego”, “Negão” ou “Liberdade”.
Fonte: PJC/MT |
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