Promotor prepara ofício destinado ao Estado para solicitar informações.
Do G1 Presidente Prudente
As armas que apresentaram defeitos não estão em circulação, segundo a SSP
(Foto: Reprodução/Tv Fronteira)
O Ministério Público Estadual informou nesta sexta-feira (15) que irá solicitar informações à Secretaria de Segurança Pública sobre a eficiência das pistolas .40 utilizadas pela Polícia Militar. Isso porque a corporação admitiu que existem relatos e relatórios de disparos acidentais, mesmo após passarem por manutenção.
O promotor Jurandir José dos Santos, responsável pelo controle externo da atividade policial em Presidente Prudente, já prepara um ofício para alertar a administração sobre os riscos envolvendo as armas, já que entende que, ao reconhecer as falhas e manter as armas em uso, o Estado pode ser responsabilizados por possíveis incidentes. O documento deve ser protocolado na próxima segunda-feira (18).
“A responsabilidade do Estado em relação ao particular é objetiva, independentemente da culpa. Ele confirma que o armamento da polícia, não todo, mas algumas armas apresentaram problemas. Foi feita uma revisão e o erro não foi equacionado. Evidente que o Estado responde”, falou.
Segundo ele, o problema precisa ser discutido com urgência. “A preocupação não se restringe à população que o policial guarda e protege, mas também a ele próprio. Nós podemos ter um policial atingido ao manusear uma arma dessa ou um colega de farda”, ressaltou.
Foi do mesmo tipo de arma que partiu o tiro que matou a atriz e produtora cultural Luana Barbosa, de 25 anos, em junho, em Presidente Prudente. Ela estava em uma motocicleta que passou por um bloqueio policial na Avenida Joaquim Constantino e foi atingida no tórax por um disparo da pistola do cabo Marcelo Coelho, na corporação há 23 anos.
Ele alegou, conforme o boletim de ocorrência, que o tiro foi um acidente e aconteceu depois que o capacete do namorado de Luana, Felipe Barros, de 29 anos, bateu em sua mão. O próprio companheiro da vítima, em entrevista ao SPTV, afirmou que, no momento do tiro, os policiais que trabalhavam na blitz mencionaram um disparo acidental.
Barros é testemunha do caso e relatou, também segundo o boletim de ocorrência, que não iria furar o bloqueio policial, mas que a motocicleta teve problemas mecânicos e não conseguiu parar. Ele já prestou depoimento à Justiça Militar, bem como o suspeito e outras pessoas que estavam no local no momento da morte, e à Polícia Civil, que investiga o crime paralelamente. A reconstituição foi marcada para a próxima quinta-feira (20).
Foto em laudo mostra arma do policial com projétil preso (Foto: Reprodução/TV Fronteira)
coronha (Foto: Reprodução/Tv Fronteira)
Vítima
O laudo da Polícia Científica que compõe o inquérito militar mostra a arma do policial com a cápsula do projétil travando-a. A Polícia Militar, por meio de nota, informou que o seu acervo de pistolas do calibre .40 foi revisado por técnicos de uma empresa terceirizada e que, quando necessário, ele unidades têm peças substituídas.
“Cumpre esclarecer que, mesmo após a revisão, há relatos, relatórios e laudos de armas que, após a correção efetuada, ainda apresentaram problemas de disparos acidentais, similares aos problemas que motivaram os questionamentos à empresa e a execução da revisão, as quais estão sendo internamente avaliados”, expõe a nota, assinada pelo Centro de Comunicação Social da Polícia Militar.
Marca no capacete é semelhante ao formato de umacoronha (Foto: Reprodução/Tv Fronteira)
O documento da perícia também mostra o capacete do motociclista com uma marca recente compatível com a marca da coronha de uma arma, o que também sustenta a versão apresentada pelo policial.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a Polícia Militar esclarece que as armas que apresentaram defeitos não estão em circulação. Além disso, a PM trabalha com uma reserva estratégica superior a quantidade das pistolas que falharam, o que permitiu que todas as armas fossem recolhidas. Portanto, não oferecem risco à população.
Vítima
Luana estava na garupa da moto do namorado
(Foto: Marcos Barbosa/Arquivo Pessoal)
(Foto: Marcos Barbosa/Arquivo Pessoal)
Luana, conhecida como Lua, era integrante da Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas e uma das fundadoras do grupo de circo e teatro de rua Os Mamatchas. Natural de Rancharia e formada em Curitiba (PR), ela vivia em Presidente Prudente há cerca de cinco anos, onde vivia com o namorado.
A morte dela causou comoção e indignação, motivando protestos nas cidades onde vivia e estudou, bem como em São Paulo, onde o pai dela se reuniu com representantes da Secretaria de Segurança Pública. Os manifestantes dizem que o disparo não foi acidental – versão também defendida pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo e um representante de grupo ligado aos direitos humanos.
FONTE G1.GLOBO.COM
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