Entre os entrevistados na pesquisa, 52,9% são da Polícia Militar
Daia Oliver/R7
Mais da metade dos policiais brasileiros dizem acreditar que o modelo de policiamento mais adequado à realidade do País é o civil, aponta pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
A enquete “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”, divulgada nesta quarta-feira (29) durante o 8º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foi respondida por 21,1 mil agentes de segurança pública de todo o País entre 30 de junho e 18 de julho.
No total, 56,84% dos entrevistados excluíram a Polícia Militar do modelo ideal, enquanto 14,22% disseram preferir manter o modelo atual (com o patrulhamento ostensivo a cargo da PM e as investigações a cargo da Polícia Civil). Outros 8,95% pregaram a completa militarização da polícia.
O restante defendeu outros modelos — como a divisão de atuação entre Polícia Civil e Militar por tipo de crime a ser esclarecido ou por local onde o crime ocorreu — ou disse não ter opinião sobre o assunto.
Entre os entrevistados, 52,9% são da Polícia Militar; 22%, da Polícia Civil; 10,4%, da Polícia Federal; 8,4%, do Corpo de Bombeiros; 4,1%, da Polícia Rodoviária Federal; e 2,3%, da Polícia Científica.
Entre os que defenderam uma polícia exclusivamente civil, porém, houve divergência de opinião quanto a outros aspectos. O modelo mais defendido foi o da criação de uma nova polícia, de ciclo completo, caráter civil, com hierarquia e organizada em carreira única. Nesse caso, o policial poderia subir de agente a delegado, por exemplo, sem a necessidade de prestar concurso para ocupar o novo cargo.
Direito à greve
Mesmo somente entre os policiais militares, 55,06% indicam um modelo exclusivamente civil como o mais apropriado à realidade brasileira.
Questionados sobre medidas para a desmilitarização da PM, 83,2% dos entrevistados se disseram favoráveis à modernização dos regimentos e códigos disciplinares e 69,3% afirmaram que deve ser regulamentado o direito de integrantes da corporação à sindicalização e à greve.
Obstáculos e insatisfação
Os policiais foram ouvidos ainda sobre suas principais dificuldades. Os mais citados obstáculos à eficiência da polícia são os baixos salários (99,1%), a formação e o treinamento deficientes (98,2%), o contingente policial insuficiente (97,3%), a falta de verba para equipamentos e armas (97,3%), leis penais inadequadas (94,9%) e a corrupção (93,6%).
A pesquisa mostra também que 34,4% dizem pretender sair da corporação assim que houver uma oportunidade. E 38,7% afirmam que, se pudessem voltar no tempo, teriam escolhido outra carreira.
Dois em cada três dos entrevistados (65,9%) afirmam já terem sido discriminados por ser policial ou agente do sistema de segurança e 59,6% dizem já terem sido humilhados ou desrespeitados por superiores.
Método da pesquisa
O resultado da pesquisa foi coletado após o envio de questionário eletrônico a 463.790 policiais — a absoluta maioria estava cadastrada na rede de ensino à distância da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
“Por se tratar de consulta censitária, os resultados não podem ser diretamente expandidos para o universo de policiais brasileiros” afirmam os autores da pesquisa, no texto de apresentação dos resultados. “Trata-se de uma amostra não probabilística e que deve ser matizada e contextualizada qualitativamente.”
“Desse modo, não obstante tecnicamente os dados não se constituírem em um retrato exato das opiniões de todos os policiais brasileiros, eles nos autorizam algumas análises e hipóteses exploratórias sobre reformas das polícias no Brasil e incentivam a participação destes profissionais na definição dos rumos de suas instituições”, conclui o texto.
fonte: r7.com
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