Mário Mattos trabalhou no esquadrão aéreo militar do DF entre 2005 e 2013.
Policial federal foi baleado durante operação noturna; enterro será no DF.
Mateus RodriguesDo G1 DF
Policial federal Mário Mattos morreu após troca de tiros em MT (Foto: Arquivo pessoal)
Policiais militares do Distrito Federal prestaram homenagens neste sábado (16) em redes sociais ao policial federal Mário de Almeida Mattos, 33 anos, morto em serviço durante um tiroteio com suspeitos em Sinop (MT), cidade a 503 quilômetros de Cuiabá. O agente atuou na Polícia Militar do DF até 2013, quando tomou posse na carreira federal e foi transferido para Mato Grosso.
Colega de Mattos no treinamento aéreo em 2005, o tripulante operacional da PM Leonardo Foggia Pereira, de 36 anos, publicou um vídeocom fotos de arquivo da corporação. Segundo ele, a amizade iniciada no curso não diminuiu ao longo dos últimos 10 anos, mesmo com a mudança de corporação.
"O curso de tripulante exige muita dedicação, muita resistência. Quando você faz algo assim, seus colegas passam a ser seus irmãos, pessoas muito próximas. O Mário é uma dessas pessoas que passei a chamar de irmão", afirmou, emocionado, em entrevista por telefone ao G1.
Eu não consigo chamar de tragédia, isso é menosprezar a grandeza do Mário. A gente faz nosso trabalho por opção, sabe que o risco é a nossa própria vida. Ele sabia o que estava fazendo, se dispôs a fazer isso porque é a nossa vida, a nossa profissão. É um guerreiro, morreu como um guerreiro"
Leonardo Foggia Pereira,
tripulante operacional da PM no DF
Após a formação, Mattos e Pereira trabalharam sete anos, lado a lado, nas aeronaves da PM. Segundo o tripulante, o Grupamento de Operações Aéreas tem cerca de 50 militares, mas apenas 12 trabalham nessa função e atuam diretamente no resgate a acidentados, afogados e outras vítimas em risco. Ao comentar a morte do amigo, Pereira disse que não entende o caso como uma tragédia.
"Eu não consigo chamar de tragédia, isso é menosprezar a grandeza do Mário. A gente faz nosso trabalho por opção, sabe que o risco é a nossa própria vida. Ele sabia o que estava fazendo, se dispôs a fazer isso porque é a nossa vida, a nossa profissão. É um guerreiro, morreu como um guerreiro", diz.
Despedida
Colega de Mattos no esquadrão antiaéreo da PM, o militar Islen Borges, de 39 anos, publicou uma "carta de despedida" em uma rede social. "Hoje é um dia muito triste para todos os policiais do Brasil, principalmente para nós que convivemos com esse irmão [Mário]. Trabalhamos durante anos no grupamento aéreo da PMDF e construímos uma amizade eterna. Passou na Polícia Federal e realizou seu sonho", diz o texto.
Homenagem postada em rede social a policial federal morto em Mato Grosso
(Foto: Facebook/Reprodução)
Segundo Borges, os familiares de Mattos moram em Brasília, onde o policial também conheceu a mulher. "A família é praticamente toda daqui. A esposa é do DF, passou em um concurso no Mato Grosso só para ir morar com ele lá. Agora, eu não sei o que a família vai fazer. É muito triste", diz. O militar conta que esteve com o amigo há poucos meses. "Ele veio a Brasília, tomou cerveja comigo lá em casa. Não tenho palavras, não sei o que falar, é um choque."
Hoje é um dia muito triste para todos os policiais do Brasil, principalmente para nós que convivemos com esse irmão [Mário]. Trabalhamos durante anos no grupamento aéreo da PMDF e construímos uma amizade eterna. Passou na Polícia Federal e realizou seu sonho"
Islen Borges, policial militar,
em texto publicado em rede social
Veterano do policial assassinado, Borges diz que ajudou na formação dele e, desde cedo, aprendeu a reconhecer o trabalho do colega. "Sempre foi muito comprometido, gostava de se especializar, fazer cursos e aprimorar o serviço. Era um excelente policial", diz.
Segundo o militar, a corporação deve prestar homenagens ao ex-colega durante o enterro, previsto para a manhã deste domingo (16), com um helicóptero lançando pétalas de rosas sobre o cortejo. O G1 não conseguiu confirmar a informação com a PM até as 17h deste sábado (16).
Tiroteio
Mattos foi morto durante abordagem da PF a uma quadrilha que, segundo a corporação, planejava roubar um avião de pequeno porte em um aeródromo. A equipe entrou em conflito com os suspeitos, que reagiram a tiros. O policial foi atingido por um disparo no tórax e chegou a ser encaminhado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento.
Mário Mattos era casado, não tinha filhos e estava lotado na Delegacia da Polícia Federal de Sinop. O corpo foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Mato Grosso no início da tarde e transportado em um helicóptero da PF até a capital federal, onde deve ser enterrado neste domingo (17).
Em nota, a Polícia Federal informou que a quadrilha havia roubado uma aeronave em abril deste ano, num aeródromo da cidade mato-grossense, e estava se preparando para roubar outro veículo.
O avião roubado em abril era modelo Cessna e estava no hangar de um aeroclube de Sinop. O piloto se preparava para decolar e seguir para o aeroporto da cidade quando foi rendido por dois homens armados. A aeronave era avaliada em mais de R$ 1 milhão.
Policial federal Mário Mattos (à esquerda) com colegas da Polícia Militar em visita ao DF, no início do ano (Foto: Islen Borges/Arquivo pessoal)
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