PMs responsáveis por patrulhar a capital mataram 36 pessoas em março em confrontos
Alvaro Magalhães, do R7
Viaturas em posto da zona leste, onde suspeito foi morto em março
Alvaro Magalhães, do R7
Viaturas em posto da zona leste, onde suspeito foi morto em março
Reprodução/TV Record
Policiais militares que atuam no CPC (Comando de Policiamento da Capital), responsável pelo patrulhamento da cidade de São Paulo, mataram 36 pessoas em supostos confrontos durante o último mês de março, apontam números publicados pela corporação no Diário Oficial do Estado. No mesmo mês do ano passado, foram oito mortes.
O total de mortos por policiais do CPC é o mais alto dos últimos 11 anos. O número supera as 32 mortes de maio de 2006, quando ataques promovidos pela facção criminosa PCC paralisaram a cidade, e as 30 ocorrências de novembro de 2012, quando o então secretário Antonio Ferreira Pinto foi exonerado.
A última vez que policiais da unidade mataram mais que em março passado foi em 2003: em abril daquele ano, houve 37 mortes. Na época, o Proar (Programa de Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco), programa que afastava das ruas, por um ano, policiais envolvidos em ocorrências do tipo, havia acabado de ser extinto.
Questionada, a corporação afirma que o aumento de crimes contra o patrimônio tende a provocar um número maior de confrontos, já que, segundo a corporação, quase a totalidade das trocas de tiros ocorrem após um crime do tipo. Em março, o total de roubos aumentou 45% em relação ao ano anterior (14.089 casos em 2014, ante 9.732, em 2013).
No texto, a PM cita projetos em curso para evitar confrontos. “Nas ocorrências de mortes decorrentes de intervenção policial, a opção pelo confronto nunca é da polícia, mas sim do infrator”, diz a PM.
Policiais militares que atuam no CPC (Comando de Policiamento da Capital), responsável pelo patrulhamento da cidade de São Paulo, mataram 36 pessoas em supostos confrontos durante o último mês de março, apontam números publicados pela corporação no Diário Oficial do Estado. No mesmo mês do ano passado, foram oito mortes.
O total de mortos por policiais do CPC é o mais alto dos últimos 11 anos. O número supera as 32 mortes de maio de 2006, quando ataques promovidos pela facção criminosa PCC paralisaram a cidade, e as 30 ocorrências de novembro de 2012, quando o então secretário Antonio Ferreira Pinto foi exonerado.
A última vez que policiais da unidade mataram mais que em março passado foi em 2003: em abril daquele ano, houve 37 mortes. Na época, o Proar (Programa de Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco), programa que afastava das ruas, por um ano, policiais envolvidos em ocorrências do tipo, havia acabado de ser extinto.
Questionada, a corporação afirma que o aumento de crimes contra o patrimônio tende a provocar um número maior de confrontos, já que, segundo a corporação, quase a totalidade das trocas de tiros ocorrem após um crime do tipo. Em março, o total de roubos aumentou 45% em relação ao ano anterior (14.089 casos em 2014, ante 9.732, em 2013).
No texto, a PM cita projetos em curso para evitar confrontos. “Nas ocorrências de mortes decorrentes de intervenção policial, a opção pelo confronto nunca é da polícia, mas sim do infrator”, diz a PM.
O alto número registrado em março ajuda a explicar o avanço no total de mortos pela PM na capital no primeiro trimestre deste ano. Segundo números divulgados no último dia 25 pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, as ocorrências praticamente triplicaram no período, saltando de 29, no primeiro trimestre de 2013, para 85, no mesmo período deste ano.
Rota
Os números do CPC incluem as ocorrências envolvendo as Forças Táticas, tropas de elite dos batalhões da cidade, e as Companhias, responsáveis pelo policiamento mais rotineiro. As estatísticas, porém, não incluem os casos que envolvem policiais da Rota — a unidade pertence à Tropa de Choque e pode atuar em diversas cidades.
No período, os policiais da Tropa de Choque mataram quatro pessoas em supostos confrontos, número inferior às cinco mortes registradas em novembro passado.
No Estado inteiro, a PM matou 63 pessoas em março — em novembro de 2012, foram 79 mortes.
Ouvidor pede treinamento
Empossado no início do ano, o ouvidor da Polícia, Julio Cesar Fernandes Neves, afirma que a PM precisa intensificar o treinamento de policiais para evitar confrontos.
— Esse aumento é surpreendente e lamentável. O governo precisa intensificar o treinamento da tropa em tiro defensivo. Precisa haver uma reciclagem dos policiais em relação ao método Giraldi [método desenvolvido pela PM para evitar, ao máximo, o confronto].
Para Neves, é necessário que o procedimento da PM procure evitar o confronto.
— O método de abordagem precisa ser repensado. A abordagem não pode estimular o confronto.
Carolina Ricardo, analista do Instituto Sou da Paz, também enfatiza a importância do uso de procedimentos.
— A questão da letalidade é complexa. Mas não podemos nos acostumar com o uso frequente da força em seu padrão mais elevado, que é força letal, por parte da polícia. A PM tem uma série de procedimentos sérios para evitar o uso da força letal. E isso tem de ser muito bem aplicado.
Para Carolina, além de enfatizar o método Giraldi, a PM deve intensificar o Ecoar (Estudos de Casos de Ocorrência de Alto Risco), grupo que analisa casos de mortes por intervenção policial.
— Esses estudos, feitos justamente com casos ocorridos na capital, podem levar a mudanças de procedimentos que evitem confrontos.
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PM diz que aumento dos roubos tende a provocar mais confrontos
Leia íntegra da resposta da PM sobre as 36 mortes em supostos confrontos ocorridas em março
Questionada, na última sexta-feira (9), sobre o número recorde de mortos em supostos confrontos com policiais, atingido em março, a Polícia Militar afirmou que o aumento no número de crimes contra o patrimônio tende a provocar mais confrontos. Segundo a corporação, a absoluta maioria dos casos de mortos por PMs em serviço ocorre após casos de roubo.
Em março, o total de roubos na capital aumentou 45% em relação ao ano anterior (14.089 casos em 2014, ante 9.732, em 2013).
Confira abaixo a íntegra da resposta da Polícia Militar.
“Toda instituição policial, a exemplo da Polícia Militar do Estado de São Paulo, tem como principal valor a defesa da vida. Por isso, busca-se constantemente reduzir as taxas de homicídio e a letalidade policial.
No tocante aos homicídios, o Estado de São Paulo vem conseguindo, de maneira sistemática, reduzir os indicadores, constituindo-se, hoje, num dos principais casos de sucesso no mundo.
A letalidade policial, contudo, é um fenômeno mais complexo, pois possui invariavelmente motivações diferentes. O homicídio, como se sabe, é um crime contra a pessoa. Já as mortes decorrentes de intervenção policial se iniciam, na quase totalidade dos casos, com uma ocorrência de crime contra o patrimônio.
Assim, num momento em que os indicadores de roubo mostram-se em elevação, é de se esperar que a quantidade de confrontos também se eleve, até porque a polícia, com o emprego de tecnologia de ponta, está chegando cada vez mais rápido aos locais de ocorrência e lá, tem se deparado muitas vezes ainda com a presença dos criminosos. Dessa forma, a chance de confronto também aumenta. Muitos infratores optam pelo confronto por temerem ingressar no sistema prisional (ou voltar para ele).
Embora exista a elevação na quantidade de confrontos, muito se tem feito para reduzir a quantidade de pessoas mortas em confronto com a polícia, a exemplo da medida adotada de se exigir socorro especializado nas ocorrências com confronto onde haja vítimas decorrentes, pois permite um atendimento mais adequado, ampliando as chances de sobreviver. No entanto é necessário observar que tal postura não irá diminuir diretamente a letalidade de forma rápida e consistente, pois ela é empregada após o confronto já ter ocorrido.
Ainda assim, a própria Polícia Militar vem adotando medidas importantes, como o ECOAR, citado pela reportagem, cujo principal objetivo é o de analisar a ocorrência com resultado morte e estudar alternativas de intervenção que poderão evitar o mesmo resultado em episódios futuros. A partir dos relatórios, podem ser alterados procedimentos, técnicas ou, até mesmo, modificados equipamentos.
Outra medida importante, também citada pela reportagem, é o PAAPM. O programa parte da premissa que uma ocorrência com alto potencial de risco não é algo rotineiro, comum, exigindo um suporte diferenciado ao policial que a atendeu. Desse modo, todos os policiais que se envolvem em ocorrências de alto risco passam compulsoriamente pelo programa, voltando às ruas somente quando forem considerados aptos pelo setor responsável.
Essas medidas são extremamente importantes, mas não conseguem, por si só, interferir na letalidade a patamares desejáveis por um único motivo: o agente causador do confronto continua sendo o criminoso. Nas ocorrências de mortes decorrentes de intervenção policial, a opção pelo confronto nunca é da polícia, mas sim do infrator, que, por motivação própria, resolve resistir à prisão, atentando contra a vida do policial e de terceiros inocentes. Daí, também, a necessidade de modificação das normas legais, tornando-as mais rigorosas contra quem agride um agente da lei, fazendo com que repense a opção do confronto."
fonte: R7
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