Camila Molina | PJC-MT
Trabalho de inteligência voltado à repressão qualificada levou a prisão de 283 integrantes de mais de 60 associações criminosas especializadas em crimes contra o patrimônio, nas investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos, da Polícia Judiciária Civil. A delegacia adotou como estratégia o mapeamento de pontos de criminalidade para identificação dos alvos.
As prisões são resultados exclusivos de investigações da Derf, inseridas em 54 operações para desarticular quadrilhas especializadas, que vinham praticando uma série de crimes na região metropolitana. Foram identificadas 283 pessoas apontadas como “profissionais do crime”, que tiveram ordens judiciais cumpridas - sendo 155 prisões preventivas e 136 temporárias -, em inquéritos policiais conduzidos pelos delegados da unidade.
Em 2015, a Derf aumentou em 21% a instauração de inquéritos policiais. Foram 1.740 inquéritos instaurados e concluídos 1.918, sendo 1.787 com autoria definida.
A delegada titular da Derf, Elaine Fernandes da Silva, disse que em 2015, o foco das investigações da delegacia foi à desarticulação de organizações criminosas especializadas em roubos e furtos cometidos no comércio e em residências.
De acordo com a delegada, as ações desses grupos criminosos desencadeavam para outros crimes, como a receptação, corrupção, lavagem de dinheiro, estelionato, falsificação de documentos e o latrocínio.
Uma das prisões de destaque foi a do líder da quadrilha, que era respeitada em todo o Estado de Mato Grosso. O chefe do grupo criminoso, João dos Santos Filho, conhecido por “Tom”, e seu gerente-geral, Odair Coelho Vaz, tiveram os mandados de prisão cumpridos junto a outros sete integrantes da organização, na operação “Mercatore”, deflagrada em dezembro de 2015. Dezessete membros da organização foram denunciados pelo Ministério Público Estadual.
O grupo era investigado em lavagem de dinheiro advindo de práticas criminosas, especialmente, roubos e furtos, receptação qualificada de cargas de eletroeletrônicos, estelionato, corrupção de agentes públicos e associação criminosa. “Tom” administrava cinco bancas no Shopping Popular, na Capital, e duas em Várzea Grande. Em apenas dois meses, movimentou mais de R$ 1,7 milhão em três contas gerenciadas pela quadrilha.
Análise de vínculos
Para intensificar e conferir maior efetividade ao combate a roubos e furtos na Capital, a Derf trabalhou com a identificação de alvos que atuavam em bairros específicos da cidade, procedendo à análise de vínculos com alvos de outras regiões. A estratégia tinha como objetivo o mapeamento de dois grandes eixos, o de áreas consideradas com altos índices de criminalidade e o dos nichos em que os criminosos se encontravam.
Equipes compostas por delegados, escrivães e investigadores, diariamente, vão até os pontos identificados como zonas quentes de criminalidade, para realizar o monitoramento, abordagem, qualificação, identificação de suspeitos com mandado de prisão em aberto, entre outras ações. “Cada equipe coordenada por um delegado, fica responsável por uma região da cidade. Os policiais foram além dos limites nas investigações, fazendo além do serviço de expediente, ações noturnas”, explicou Elaine.
O trabalho de mapeamento também identificou os principais pontos domésticos e empresariais, que colaboravam para atuação de quadrilhas especializadas na receptação de determinados tipos de produtos como cargas de aparelhos celulares e de eletrodomésticos, que serviram para representação na Justiça de 1.108 medidas cautelares, de prisão, busca e apreensão.
Núcleo de Inteligência
Delegada Elaine Fernandes.
Muito do trabalho da Delegacia de Roubos e Furtos passa pelo Núcleo de Inteligência, que funciona como alicerce da Especializada, sendo responsável por 95% das investigações que resultaram nas operações deflagradas.
A delegacia Elaine Fernandes afirma que sem o setor, a Delegacia não funcionaria com a mesma força. “Sem o trabalho do núcleo de inteligência conseguiríamos fazer poucas coisas, em relação a que fazemos hoje. Os policiais que trabalham no setor são bravos guerreiros, que atuam de forma comprometida e abnegada, nas ações de campo e análise de informações”, disse.
A operação “Rota 38” é um dos trabalhos executados pelo núcleo de Inteligência. A ação desarticulou três quadrilhas que atuavam fortemente em roubos de empresas, residências e propriedades rurais, levando a prisão 17 assaltantes. Segundo as investigações da Derf, os criminosos empregavam violência para roubar dinheiro, armas, celulares e joias de chácaras no Distrito de Nossa Senhora da Guia, residências e lojas em Cuiabá.
Parceria e integração
Outro grande aliado das investigações na Derf é a Polícia Militar, por meio de parceria denominada “Projeto Força pela Paz, firmada com Comando Regional 1, que engloba os cinco batalhões da PM, em Cuiabá.
“O trabalho preventivo da PM traz as primeiras informações, que colaboram com as investigações. A integração e o compartilhamento de dados entre as duas instituições é fundamental para um trabalho de segurança pública bem sucedido. Quem sai ganhando é a sociedade”, afirma Elaine.
O coronel Gley Alves Castro, comandante do CR-1, considerou fundamental essa integração com a Polícia Civil para que pudessem alcançar melhores resultados. Alves explicou que no início do de 2015, o CR-1 e a Derf assinaram um termo cooperação técnica pelo qual as duas instituições se comprometeram em desenvolver atividades operações e de inteligência em conjunto e a troca de informações quando agiam separadamente. “Foi criado um grupo pelo qual se comunicam o tempo todo sobre ocorrências, investigações, entre outros serviços”, disse.
O coronel Alves, na próxima segunda-feira assume o cargo de Comandante geral da PMMT, disse que o resultado foi tão bom que pensa e discutir a ampliar essa parceria as demais unidades da corporação.
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Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso
(65)3613-5673
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